quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Qual é a parte que te cabe?

Olá, extrai este texto do Editorial da Revista Liderança e de autoria de Júlio Clebsch. Presenciei algumas situações destas e achei apropriado dar uma lembrada a todos que nossa vida é feita de pequenos atos que nos tornam bons ou maus cidadãos.

"Existem muitas coisas que caracterizam este país. Entre elas, podemos citar a tolerância com que nós, brasileiros, aceitamos as “transgressões leves” ou, se preferir, os pequenos delitos. Trata-se, além do futebol, samba e carnaval, de uma instituição nacional. Iniciarei este editorial citando as mais comuns:

1) As famosas festinhas que não respeitam horários e incomodam os vizinhos.
Furar filas nos mais diversos locais em que elas são necessárias e ainda se passar por esperto.

2) Há aqueles que, ao primeiro sinal de engarrafamento, põem o carro no acostamento e seguem em frente.

3) Há outros que “levam” pequenas lembranças de hotéis e companhias aéreas. Você que não leva nada (burro) está pagando por esses custos, sabia? As empresas, que não são burras, agregam esses valores nos preços finais.

4) Os que pagam metade da tarifa do ônibus ao “acertarem” esse valor com o cobrador e passam por baixo da roleta.

5) E o pai que condena veementemente a cola, desde que ela seja praticada pelo filho do vizinho. Se o dele assim proceder, é esperteza.

Dessas pequenas transgressões, podemos evoluir para mais algumas. Nada, também, muito sério:

1) Aquele dinheirinho que a gente paga para o guarda “esquecer” aquela infração de trânsito insignificante.

2) O varejista que se aproveita da boa-fé do cliente. Você acha que isso não acontece? Então, vai ver que a famosa expressão “freguês de carteirinha” nasceu de geração espontânea! Aliás, em que outro país do mundo, além do Brasil, a palavra “freguês” é sinônimo de otário?

3) Há os que exaltam o elevado índice de malandros que habitam o Congresso Nacional, mas que não perdem a oportunidade de comprar um CD pirata na feirinha da cidade.

4) Aliás, o mesmo lojista que denuncia os vendedores de CDs piratas pratica o famoso caixa dois. Acho que ele se baseia no famoso ditado: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.


Como crimes – sejam eles pequenos ou não – quase sempre mantêm conexões com outros crimes, chegamos a coisas do tipo:

1) Durante a campanha do desarmamento, houve indivíduos que construíram armas com o intuito de faturar um “extra”.

2) Várias pessoas se apresentaram como vítimas do desabamento do Palace II. Também queriam ver se faturavam um “extra”. Ajudem-me a elucidar um dilema: quem é pior, o Sérgio Naya ou as falsas vítimas de seu empreendimento picareta?

3) E o Gugu, famoso ex-apresentador do SBT, que autorizou uma falácia para milhões de telespectadores e continua livre, leve e solto. Lembra-se disso?

A cultura da esperteza e do trambique – só o leve, é claro – está tão arraigada em nossa sociedade que ser um cidadão modelo exige que se reme contra a maré ou que se beire a santidade. Não à toa, a figura do malandro virou até ópera. Por essas e outras, passei a diferenciar esperteza de inteligência, apesar de serem sinônimos.

Para mim, esperto é o cidadão que vive de pequenos golpes e vai passar toda a sua vida pensando no curto prazo e escapando de seus perseguidores – como o personagem Sísifo, da mitologia grega.

O inteligente é aquele cidadão que vai desenvolver sua vida de forma a não ter de aplicar pequenos golpes nem passar todo o tempo tentando burlar a lei. Ele vive para o longo prazo e dorme com a consciência tranquila. Por mais que, muitas vezes, passe por burro, freguês e otário."

Pense nisso.

Um abraço e Sucesso Sempre

Ines Cabrera
Http://www.inescabrera.com
contato@inescabrera.com

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